domingo, 1 de dezembro de 2024

Meu bicho de pé

Meu bicho de pé


Acho que esta minha história serve de exemplo; não sei para quem, mas serve, deve servir.

  


O segredo

 

- É muita sacanagem. - me diz, de vez em quando, a minha amiga Clélia, quando lembra certas coisas.

- Sacanagem por quê? - eu pergunto, bem sabendo o porquê.

 - Não é nem sacanagem, é putaria mesmo. Você ali no quarto com o seu namorado... e escolhendo a roupa para ir se encontrar com outro... para ir dar pra outro... você grávida de outro... Como fica o coitado?

- Ara! Fica igual. Não dizem que aquilo que os olhos não veem o coração não sente? Você e eu somos as únicas que sabemos disso. E você não vai contar pra ele, vai?

- Dá vontade. - ela diz, rindo.

- Te mato.

- É... mas tem um detalhe minha querida. Você sabe da história, eu sei da história, mas o cara que te comeu também sabe. E se ele...?

- Eu me mato.

E a minha amiga tem razão, pois, realmente, esta é uma pulga que vive coçando atrás da minha orelha, como me coçou certa vez um bicho de pé... e foi onde começou toda a história.

Uma história que também me dá uma coceira, uma vontade imensa de contar. Não para o meu marido, é claro! Pra todo mundo, menos pra ele.

Vou contar.


O sufoco no quarto

 

Meu nome (de mentirinha) é Karina, tenho 26 anos, estou casada faz 3.

Casada com o Rubens, que conheci na primeira série do Colegial, que tirou a minha virgindade alguns meses depois, e com quem sempre namorei, único menino com quem namorei, quer dizer...

Meu marido, o Rubens, desde os tempos de namoro e até os dias de hoje sempre me pergunta se eu "nunca nunca"... quer dizer, se eu nunca traí, nem que seja só com um beijinho.

E eu sempre nego.

- Nunca nunca, nem mesmo um único beijinho. Na verdade nem nunca olhei ou me interessei por algum outro menino. Você é o único.

Não sou boba. Se eu falar que o traí com um beijinho ele já vai começar a pensar que andei dando para uns quatro ou cinco.

Mas tem aqueles lances, aquelas coisas inexplicáveis ou, para falar a verdade, bastante explicáveis.

Então eu vou contar... pra todo mundo, menos pra ele.

...

Voltando à conversa que a minha amiga sempre retoma, era um sábado por volta das nove horas da manhã, eu estava sozinha em casa, havia acabado de tomar um caprichado banho, no qual aproveitei para repassar a depilação das pernas e da Florentina, quando...

Toca a campainha, levo o maior susto, jogo um vestidinho sobre o corpo, vou até a porta para ver quem é, e dou de cara com o Rubens, meu namorado.

O susto foi maior ainda, devastador.

Foi como se ele tivesse me pegado na cama com outro.

Mas o caso é que eu estava me aprontando, me preparando, para ir me encontrar com outro.

- Como foi que você descobriu? - quase perguntei, no desespero.

Mas ele não tinha descoberto nada, apenas tinha resolvido dar uma passadinha na casa da namorada amada antes de ir para o seu trabalho, que era dia do seu plantão.

O que ele descobriu, mas só ali, na hora em que me abraçou pela bunda, é que eu estava sem calcinha, sem mais nada.

O bicho ferveu, ele me jogou na cama, foi abrindo as calças, fui abrindo as pernas... tesão só.

- Agora não, amor. Eu preciso sair, você tem de trabalhar e...

E TCHEC TCHEC TCHEC NHEC NHEC NHEC...

- Ai! Ui!

- Hum! Hum! Goza gostoso, menina, goza!

GOZAMOS. GOZAMOS. GOZAMOS.

- Ufa, menina! Você está cada dia mais gostosa.

- Ufa você... com esse pintão, delicioso, maravilhoso. Me enlouquece.

- Você vai sair pra onde?

Epa!

- No churrasco.

- Que churrasco?

- Poxa, amor! Te falei... Você esqueceu? Tem um churrasco lá na firma, a diretoria... não posso faltar, sou nova no emprego e...

- Certo! Certo! Mas não me lembro de você ter falado.

- Falei, sim. Falei sim. Agora deixa eu me aprontar, que vou pegar carona com a minha colega.

...

Voltei ao banheiro, tive de voltar, passar um chuveirinho na Florentina, voltei para o quarto, continuei me aprontando, ele querendo me agarrar para mais uma, eu me esquivando, até que...

Pronta.

Escolhida a roupa, a calcinha, tudo, e já vestida, eu só esperava, rezava, para que o Rubens não resolvesse me levar até a firma e... e descobrir que não havia ninguém lá, que não havia churrasco algum.

Minha sorte é que ele tinha de ir trabalhar e não dava tempo de me levar.

 

O bicho de pé

 

Eu nem sabia que tal coisa existia e, por isso, quando meu pai falou que eu tinha pegado um bicho de pé, logo imaginei que ele estava de sacanagem ou, no mínimo, de zoeira comigo.

- Bicho de pé coça mesmo. - ele disse.

- E eu não sei? - quase que falei.

Mas o caso é que ele estava falando da enorme coceira que eu estava sentindo no dedinho do pé, pois que eu tinha realmente pegado um bicho de pé, com certeza num final de semana que havíamos passado num sítio de um tio, irmão da minha mãe.

- Eu podia tirar, mas é melhor você ir na farmácia do Seu Batista. - ele me aconselhou.

Meu pai falou, e eu fui, juntamente com o Rubens.

E o Rubens não gostou muito não, pois o Seu Batista não estava e quem me atendeu foi um farmacêutico novo, que ficou pegando no meu pé, falando que não ia doer, que ia passar uma pomadinha...

- Que assanhamento! E você precisava ter ido de shortinho?

- Tá com ciuminhôô... tá com ciuminhôô...! - eu brincava, agora livre daquela coceira desgraçada do bicho de pé.

Mas o que o Rubens não sabia, e nem eu ainda, na verdade, é que ele tinha mesmo alguma razão para ficar com ciúmes.

- Você não lembra de mim, não? - perguntou o farmacêutico, no dia seguinte, quando fui trocar o curativo.

- De fato, notei que você não me é estranho, mas... espera... Valtinho!?

- Em carne e osso... dona Karina.

...

O modo surpreendente como rolaram as coisas entre o Valdinho e eu foi realmente espantoso, coisa que nunca havia sequer passado pela minha cabeça.

Simplesmente, três semanas depois, estávamos num motel.

...

Bom...

Deixa eu explicar essa parte.

Acontece que uma vez, lá pelos meus 14 anos, conheci ele numa festinha, a gente ficou, depois ficamos uma outra vez, outra, e teve um dia em que ele quase me comeu.

Fui com ele até a casa dele e, lá, faltou pouco, pouco mesmo, cheguei a quase ficar pelada, e só na hora em que estava para acontecer é que caí na real, me assustei... e não dei.

Prometi que ia pensar, que dar num outro dia, mas não dei, nunca dei pra ele, mesmo morrendo de vontade.

Então fomos nos afastando, até que veio o bicho de pé, alguns telefonemas, trocas de mensagens...

- Eu te queria tanto.

- Eu também te queria, mas eu era muito novinha, tinha medo.

- Eu sei... mas agora você não é mais novinha.

- É. Mas eu tenho namorado.

- Eu também tenho.

- Você tem namorado?

- Namorado não! Namorada.

- Então... a gente não pode.

- Não mesmo?

- Não fica me tentando, menino, não fica me tentando.

 

...

Motel - primeiro encontro

Falei em casa, e para o Rubens, que tinha churrasco na firma no sábado, tive de dar uma com ele antes de ir para um ponto de ônibus, onde o Valdinho me apanhou e, dali, me conduziu até um motel.

- Nem acredito que estou fazendo isso. - eu pensava, eu dizia.

- Quer voltar? - ele perguntava.

Claro que eu não queria voltar! Eu estava era mais do que ansiosa para me deitar com o Valdinho, rolar com ele na cama. Eu ainda não entendia e nem acreditava que estava fazendo aquilo, mas era o que eu mais queria.

E foi esplêndido. Novidade, tanto para mim quanto para ele, uma aventura, tanta vontade de se dar um ao outro, gozar.

Só achei o Valtinho um tanto diferente do Rubens, menos romântico, menos preocupado com o meu prazer, e querendo o tempo todo que eu desse o máximo de prazer a ele, principalmente com boca... gozou dentro.

 

 

...

Motel - segundo encontro

Outro sábado, horas extras como desculpa, mesmo ponto de ônibus, mesmo motel.

- Menina. Você não acha que está abusando? O que está acontecendo com você? Você nunca foi disso.

Eu me perguntava, me respondia, me censurava, mas mal podia esperar pelo momento de estar completamente nua, peladinha, com o Valtinho naquela suíte do motel, na cama, na hidromassagem.

E na suíte, na cama, na hidro, sob o chuveiro, chupando o Valtinho quase que o tempo todo, sendo chupada apenas em alguns momentos, recebendo o seu esperma na boca, ele querendo depositar também noutro lugar.

- Anal eu não faço, nem adianta insistir, não faço mesmo.

Aquele machismo dele que eu tinha reparado mais ou menos no nosso primeiro encontro, agora parecia mais evidente.

Era como se eu tivesse obrigação de satisfazer ele em tudo, fazer tudo o que ele queria.

Até fiz algumas coisas, como receber o seu gozo na boca ou então cavalgá-lo toda aberta para que ele olhasse a Florentina engolindo a cobra.

Mas só isso, não deixei ir além.

 

...

Motel - último encontro

Se no primeiro motel eu já tinha percebido o Valtinho um tanto diferente do Rubens, mais preocupado com ele e menos comigo;

Se no segundo motel fiquei com a certeza de que ele é realmente machista, muito machista, tanto no modo como transa, pouco amoroso, quanto no modo como fala das mulheres, da namorada, e até de mim;

Se...

No terceiro motel a gente brigou. 

Ele queria porque queria que eu fizesse anal com ele. Até pensei em fazer. Nunca tinha feito, nunca fiz, na verdade, mas estava quase cedendo, só para satisfazer a vontade dele.

E talvez eu até tivesse feito, não fosse o modo como ele me pedia ou, na verdade, me ordenava.

- Qual é, meu? Vai me negar esse rabo? Até hoje não conheci nenhuma mulher que eu não tenha comido o cu.

- Conheceu a agora.

- Até parece... fica fazendo cu doce... com esse cu todo arrombado, mais comido que...

...

Juntei a minha roupa, comecei a me vestir às pressas...

- Qual é, mulher? Vai se invocar, agora?

- O que você acha?

- Fica aqui, vamos conversar.

- Vai conversar com a sua irmã, com a sua mãe... e pode deixar que sei sair daqui sozinha. Não precisa me...

- Claro que sabe. Com tantas horas que você tem de motel... deve conhecer todos.

Saí do motel a pé, caminhando em busca de um ponto de ônibus ou um táxi, ele ainda me alcançou, tentou me convencer a entrar no carro, mas não dei a mínima, tão nervosa eu estava.

Nervosa e, depois, me perguntando mil vezes como é que eu tinha chegado àquele ponto, por que eu tinha me encontrado com ele, traído o Rubens... Por quê?

Mas o meu infortúnio mal havia começado.

Minha menstruação era para ter descido uma semana depois daquele último encontro, mas não desceu.

O machismo do Valtinho tinha me levado a algumas penetrações sem camisinha... justo eu que sempre fiz questão de usar.

E por alguma razão a pílula devia ter falhado.

Vi o meu mundo virar de ponta cabeça, um furacão me jogando no inferno. A gravidez até podia ser do Rubens, mas vai saber.

E se não bastasse, certo dia o Rubens parou o carro numa farmácia para comprar camisinha, justo na farmácia do Seu Batista, pai do Valtinho. E o Valtinho estava lá.

Eu quis ficar no carro, mas o Rubens me convenceu a descer, entrar na farmácia, por medo de assalto.

Entrei. Imaginem a minha situação. Acho que nem preciso descrever.

Cabeça baixa, mal pude esperar pelo momento de voltar ao carro, desaparecer dali, desaparecer do Valtinho, desaparecer de tudo, até do Rubens.

Minha cabeça tinha sentenciado: contar tudo a ele, terminar o namoro, criar um filho sozinha...

E foi então que, ainda naquele dia, deu-se o milagre, senti o meu alívio molhando a calcinha, querendo escorrer pelas coxas... minha menstruação descendo como num hino de glória.

Nunca mais! Nunca mais! - eu ficava me repetindo o tempo todo.

E nunca mais mesmo. Algum tempo depois a gente casou, vivemos muito bem juntos, eu vivo melhor ainda.

Mas, claro, o bicho de pé não me largou de vez. De vez em quando ainda recaio no medo de que, de algum modo, o Rubens venha a descobrir, que a minha amiga possa contar, que o Valtinho possa contar, que eu possa acabar me traindo com as palavras, que...

 

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